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A importância da alimentação saudável no fortalecimento da imunidade e prevenção da Covid-19

 

Estudos indicam que uma alimentação saudável e o consumo de determinadas vitaminas e minerais são importantes para o fortalecimento da imunidade e, consequentemente, para a prevenção de doenças ou do não agravamento delas. Especificamente em relação à Covid-19, não há um único nutriente ou composto bioativo, com comprovação científica, capaz de impedir a infecção viral da SARS-CoV-2. Ainda assim, a literatura científica comprova que o consumo de alguns nutrientes apresenta resultados importantes que impactam positivamente no sistema imunológico e atuam em infecções virais respiratórias.

 

Em maio deste ano, a Associação Brasileira de Nutrologia elencou vitaminas e minerais com atuação de maior relevância na Covid-19. Do mesmo modo, o artigo “COVID-19: nutrição e comportamento alimentar no contexto da pandemia” também tratou dos nutrientes que têm atuação importante no sistema imunológico e podem causar um efeito preventivo. São elas: vitaminas A, D, C, selênio e zinco.

A seguir, informações sobre como cada vitamina pode atuar de forma preventiva, seja direta ou indiretamente, na Covid-19.

Vitamina A : ainda não há evidências de que a suplementação de doses de vitamina A possam melhorar os sintomas da Covid-19 ou mesmo preveni-la. No entanto, existem evidências de que essa vitamina reduz a morbidade e mortalidade em várias infecções como HIV, malária, sarampo, pneumonia associada à sarampo e diarreia. Além disso, o baixo nível de vitamina A tem sido associado a resultados adversos durante infecções virais, por isso, estudos têm incluído a importância da vitamina A em pessoas com Covid-19.

Vitamina D: ​Estudos epidemiológicos mostram que a deficiência de vitamina D aumenta a suscetibilidade a várias infecções, especialmente doenças do trato respiratório tais como tuberculose e pneumonia​. Uma revisão recente sugeriu que o uso de doses de carga de vitamina D de 200.000 a 300.000 UI em cápsulas de 50.000 UI pode reduzir o risco e a gravidade da COVID-19​​. ​No entanto, mais estudos são necessários para relacionar os níveis de vitamina D e a gravidade e mortalidade de COVID-19. ​

Vitamina C : reduz a suscetibilidade da pessoa a infecções do trato respiratório inferior sob certas condições, assim como exerce funções fisiológicas para diminuir os sintomas gripais, por sua ação anti-histamínica fraca. Estudos indicaram que pacientes suplementados com vitamina C tiveram incidência significantemente menor de pneumonia. Uma recente revisão indicou que a vitamina C pode ser uma das possibilidades para o tratamento de suporte da Covid-19, embora sejam necessários estudos longos e sistemáticos. Há relatos de ​administração intravenosa de vitamina C em altas doses na China, sendo um sucesso no tratamento de 50 pacientes com COVID-19 moderado a grave.

Selênio: Um estudo realizado na China identificou uma associação positiva significativa entre a taxa de cura da COVID-19 e o estado nutricional anterior de selênio, demonstrando uma maior taxa de cura viral em pessoas com níveis de selênio satisfatório. Isso porque o selênio atua na defesa antioxidante da pessoa e no grau de patogenicidade do vírus.

Zinco: Estudos sugerem que a suplementação de zinco pode ter um papel protetor contra a Covid-19, provavelmente melhorando a resistência da pessoa à infecção viral. Isso porque o zinco é um importante antioxidante e exerce um papel central no crescimento celular e diferenciação de células imunes que apresentam rápida diferenciação e renovação​. O zinco também tem uma variedade de propriedades antivirais diretas e indiretas e atua como agente anti-inflamatório. Estudos mostram que a deficiência de zinco está associada à produção reduzida de anticorpos, o que compromete o sistema imunológico.

Comportamento alimentar

Outro ponto importante que vale comentar são os efeitos da pandemia no comportamento alimentar das pessoas. Embora ainda não haja pesquisas aprofundadas sobre a alimentação na pandemia, um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde no fim de maio aponta que quatro em cada dez brasileiros alteraram os hábitos de alimentação, para o bem ou para o mal. Notícias mostram que as receitas mais buscadas no Brasil desde 15 de março no Google foram, pela ordem, as de panqueca, brownie, bolo, pudim e pão, todas com altos índices de calorias.

O isolamento social provocou situações de estresse em muitas pessoas, o que pode ter levado ao consumo de uma dieta rica em gordura saturada, carboidratos refinados, álcool, e baixos níveis de fibra, gordura insaturada, micronutrientes e antioxidantes prejudicando a imunidade.

Isso porque o estresse prolongado faz com que o corpo libere cortisol, aumentando a sensação de fome. Com isso, o risco de contrair ou mesmo desenvolver a Covid-19 na forma grave aumenta.

Somado a isso, no caso dos públicos mais vulneráveis, a queda no poder aquisitivo da população dificultou ainda mais o acesso a uma dieta mais saudável. A qualidade nutricional da alimentação se torna um desafio ainda maior, pois os alimentos ultraprocessados são de fácil acesso e baixo custo, agravando, assim, a situação da insegurança alimentar nutricional entre os mais vulneráveis.

Quais são os principais desafios?

A pandemia da Covid-19 trouxe uma porção de desafios para população. No quesito alimentar, a baixa qualidade nutricional vai trazer consequências de longo prazo para o país. O Brasil corre o risco de um grande aumento no número de pessoas portadoras de doenças crônicas como obesidade, hipertensão e diabetes. De um lado, o público de maior poder aquisitivo, acometido de estresse e ansiedade, acaba por optar por uma dieta pobre em nutrientes essenciais para a imunidade, além de um estilo de vida mais sedentário. De outro lado, os mais vulneráveis, com pouco ou nenhum poder de escolha, são impelidos a escolher os alimentos mais baratos e, assim, caem nas opções menos saudáveis, os alimentos ultraprocessados. Diante desse cenário, cabe às operadoras de saúde investirem ainda mais em educação em saúde com a carteira de beneficiários para evitar uma queda na qualidade de vida de seus clientes.

Referências utilizadas:

Posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) a respeito de micronutrientes e probióticos na infecção por covid-19. Disponível em: https://abran.org.br/2020/05/01/posicionamento-da-associacao-brasileira-de-nutrologia-abran-a-respeito-de-micronutrientes-e-probioticos-na-infeccao-por-covid-19/

Implicações da pandemia COVID-19 para a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v25n9/1413-8123-csc-25-09-3421.pdf

Por Camila Leal, especial para a ForMedici

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